Esta leitura cênica discute os sentidos atuais do trabalho, relacionando o tema a questões como desejo, capacidade de criação e impulso de concretização de outras realidades possíveis. O texto recorre à transcrição poética de diálogos promovidos em dois núcleos de mulheres, sendo um grupo de artistas de teatro e o outro de aposentadas da melhor idade, com procedimentos livremente inspirados nos diálogos do livro As três irmãs, de Anton Tchekhov. Transitando entre a ficção e a não ficção, a obra tangencia discussões importantes sobre o momento político brasileiro e é colocado em pauta o fim das seguranças trabalhistas e previdenciárias. Desse modo, a existência é estritamente associada à capacidade humana de produzir: o tempo é transformado em matéria consumível, e o ataque generalizado à arte e à cultura anulam o direito à criação e contemplação. Ao experimentar a linguagem como exercício de encontro e imaginação de mundos, Moscou para principiantes busca alternativas poéticas a esse projeto de desqualificação da condição humana.

Ficha técnica:

Texto e direção: Aline Filócomo

Com Fernanda Stefanski, Natacha Dias e Rita Grillo

Produção: Aura Cunha

Preparação corporal: Fabricio Licursi

Projeção: Grissel Piguillem

Luz e cenário: Marisa Bentivegna

Figurino: Anne Cerutti

Foto e vídeo: Ligia Jardim

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Projeto gráfico: Benoit Jeay